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A Inteligência Artificial já faz parte da rotina dos negócios. Nos próximos anos, desafios exigirão um olhar mais crítico a fatores que vão além dos investimentos na implantação da IA, pois cada interação tem custo com licenças, além do impacto ambiental. Esse artigo visa destacar a necessidade do uso responsável de IA com relação ao Meio Ambiente, além de trazer dicas práticas para redução de custos sem perda de qualidade.
As prioridades corporativas atuais para a IA devem incluir: (1) políticas e guias de uso (privacidade, segurança etc.), (2) engenharia de contexto e padronização de prompts, (3) escolha de modelos e arquiteturas alinhadas ao caso de uso, e (4) indicadores de energia e água por volume de uso. Essa agenda conecta governança à redução de OPEX e à sustentabilidade. Com o avanço da IA generativa, o consumo energético dos data centers disparou, especialmente considerando o uso combinado com criptomoedas. O impacto da IA é físico e financeiro, além de cultural e ambiental. Use as boas práticas a seguir como diretrizes internas e para seus fornecedores: ENERGIA — CRESCIMENTO E ORDEM DE GRANDEZA Falando de IA generativa, cada acesso, cada consulta ou prompt mais elaborado consume um pouco de energia, o ponto é que são feitas muitas consultas todos os dias, o que torna esse consumo um fator crítico que deve ser monitorado. Só como exemplo, números da Open AI informam aproximadamente 700 milhões de usuários por semana, que resultam em mais de 2 bilhões de prompts por dia. • O que mais eleva consumo: prompts prolixos, cadeias de raciocínio desnecessárias, temperatura/decodificação mal ajustadas, ausência de cache ou de reuso de contexto, e uso sistemático de modelos maiores quando não são necessários. ÁGUA — PEGADA HÍDRICA EM OPERAÇÃO A operação e o treinamento de IA consomem água direta ou indiretamente, especialmente em resfriamento e na matriz de geração elétrica local. A métrica WUE (Water Usage Effectiveness) varia por região, horário e tecnologia. Para governança, cobre-se transparência hídrica e, quando possível, escalonamento de tarefas para horários/locais menos críticos. • Diretriz prática: inclua a dimensão hídrica na escolha de provedor/região e na priorização de cargas. Empresas líderes vêm publicando compromissos envolvendo eficiência hídrica e energética; clientes corporativos devem solicitar indicadores por volume de uso. TOKENS & CUSTOS — PROMPTS OTIMIZADOS SÃO MELHORES Os serviços comerciais de LLM tarifam por milhão de tokens (entrada e saída). Isso significa que prolixidade — inclusive cortesias automáticas e rodeios (como agradecer para a IA). Como os ambientes chegam a centenas de milhões de interações mensais, pequenas adições de tokens por interação somam milhares de dólares e centenas de kWh no conjunto de operações. • O papel do design de prompts: definir objetivos de saída, limitar comprimento (palavras/itens), reciclar instruções fixas e usar modelos adequados à tarefa reduz tokens e Wh por entrega, preservando a qualidade percebida. QUALIDADE × EFICIÊNCIA — O LIMIAR ÓTIMO Estudos recentes indicam que o tom do prompt (p. ex., polidez) influencia tanto o desempenho quanto, em alguns casos, o comprimento das respostas. O limiar ótimo varia por idioma e modelo; ser educado e direto costuma ser melhor do que ríspido ou excessivamente cerimonioso. • Para a empresa, isso reforça a diretriz de concisão com cortesia essencial, evitando tokens supérfluos. OPEX & RISCO — VISÃO DE NEGÓCIO Quanto mais padronizado e enxuto o fluxo de IA, menor o custo por resultado e menor a pressão sobre infraestrutura. Do outro lado, respostas sem revisão e políticas fracas elevam o risco reputacional (desinformação, conteúdo sensível, vieses). • Uso responsável é um vetor de eficiência e de mitigação de risco. Gestão responsável inclui políticas internas, revisão humana proporcional ao risco, rastreabilidade quando houver exigência regulatória e critérios de publicação claros. O caso das imagens “Ghibli” Em 2025, observamos a popularização de imagens “estilo Ghibli”. Naquela ocasião, o recurso foi responsável por um aumento de 11% no download do App do Chat GPT e aumento de 5% no número de clientes da OpenAI, além de ter gerada uma grande reflexão sobre seu impacto ambiental. Não temos acesso a dados específicos daquela situação, mas se considerarmos que a geração de imagens com uso de IA é de aproximadamente 35 Milhões de imagens/dia, onde cada operação consome 0,0032 kWh/imagem, podemos chegar ao impacto diário aproximado de emissão de 50 toneladas de CO₂e, 110 MWh de energia, e 100 mil Litros de Água. Somente para geração de imagens! Por isso, tais situações viraram um ponto de inflexão na cultura popular digital e seguem como referências históricas para discutir os impactos ambientais da massificação e do encantamento popular com uso de tecnologia. Nas empresas, a tomada de decisão deve se apoiar em indicadores operacionais e ambientais, visando uso consciente dos recursos. “Obrigado, IA” – educação faz diferença? A cortesia é bem-vinda; a redundância não. Cada palavra enviada vira tokens e há cobrança por milhão de tokens. Em alto volume, cumprimentos automáticos, assinaturas e rodeios ampliam custo e consumo de energia sem agregar valor. Em estudos divulgados recentemente, a polidez do prompt demonstrou impacto estatisticamente relevante no comportamento de LLMs: pedidos impolidos degradaram a performance (com erros, vieses e recusas), ao passo que a polidez ‘máxima’ nem sempre otimizou resultados; o nível ideal variou por idioma — evidência de alinhamento cultural dos modelos. Em benchmarks, foram observadas estabilidade relativa do GPT-4 e queda acentuada em níveis de polidez mínimos (e.g., GPT-3.5 em MMLU). Na construção de resumos, a extensão e o estilo das saídas oscilaram com o tom do pedido. Quanto a viés, o menor índice ocorreu em polidez moderada (p.ex., nível 6 no GPT-4), com aumento nos extremos e mais recusas em prompts ríspidos. Tais estudos reforçam que o design de prompts deve considerar nuances culturais e buscar um tratamento e educação suficientes — nem áspero, nem bajulador — um tom direto e orientação quanto ao formato da resposta pode ser ideal para maximizar qualidade e reduzir viés, com consciência ambiental. Adote prompts objetivos, limite de tamanho de resposta e templates que evitem repetição de instruções. Foco na polidez direta e moderada, que mantém qualidade e previsibilidade dos resultados. Boas práticas orientadas a impacto: ✓ Seja objetivo e otimize seus prompts ✓ Limite as respostas ✓ Defina objetivo e formato de saída (ex.: “5 bullets, até 120 palavras”). ✓ Padronize instruções fixas em templates e memórias (evite duplicação de informações). ✓ Selecione o modelo pelo caso de uso (nem sempre o maior). ✓ Escolha provedores em regiões com maior participação renovável; cobre transparência de indicadores de impacto ambiental. Referências: International Energy Agency (IEA). AI set to drive surging electricity demand from data centres (10/04/2025). Link: https://www.iea.org/news/ai-is-set-to-drive-surging-electricity-demand-from-data-centres-while-offering-the-potential-to-transform-how-the-energy-sector-works IEA. Energy and AI — Energy demand from AI (2025). Link: https://www.iea.org/reports/energy-and-ai Kamiya, G.; Coroamă, V.C. Data Centre Energy Use: Critical Review of Models and Results. IEA 4E/EDNA (26/03/2025). Link: https://www.iea-4e.org/wp-content/uploads/2025/05/Data-Centre-Energy-Use-Critical-Review-of-Models-and-Results.pdf Epoch AI (07/02/2025). How much energy does ChatGPT use? Link: https://epoch.ai/gradient-updates/how-much-energy-does-chatgpt-use OpenAI — API Pricing (consulta 13/10/2025). Link: https://openai.com/api/pricing/ Samsi, S. et al. (2023). Benchmarking the Energy Costs of LLM Inference. Link: https://arxiv.org/pdf/2310.03003 NAACL 2025. Insights from Benchmarking Inference Energy. Link: https://aclanthology.org/2025.naacl-long.632.pdf Li, P. et al. (2023–2025). Making AI Less 'Thirsty'. arXiv / CACM 2025. Links: https://arxiv.org/abs/2304.03271 | https://dl.acm.org/doi/10.1145/3724499 SICon 2024. Should We Respect LLMs? A Cross‑Lingual Study on the Influence of Prompt Politeness on LLM Performance. (Arquivo fornecido pelo cliente: 2024.sicon-1.2.pdf) MIT TECHNOLOGY REVIEW BRASIL. A inteligência artificial está faminta por energia. Disponível em: https://mittechreview.com.br/ia-e-consumo-de-energia/ ÉPOCA NEGÓCIOS. Criar imagens com IA generativa consome tanta energia quanto carregar o celular, revela estudo. Disponível em: https://epocanegocios.globo.com/inteligencia-artificial/noticia/2023/12/criar-imagens-com-ia-generativa-consome-tanta-energia-quanto-carregar-o-celular-revela-estudo.ghtml. IT INSIGHT PORTUGAL. Utilização de IA aumenta consumo de energia global. Disponível em: https://www.itinsight.pt/news/sustentabilidade/utilizacao-de-ia-aumenta-consumo-de-energia-global. Parte da redação e revisão foi assistida por IA generativa. A IA foi utilizada para: (i) organizar argumentos, (ii) condensar referências e (iii) aprimorar clareza e concisão. As decisões editoriais, verificação de dados e responsabilidade pelo conteúdo final são de Marco Valadares/DC-DinsmoreCompass.
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Como uma consultoria especializada pode alavancar resultados e reduzir riscos em projetos complexos18/9/2025 Projetos complexos em setores como engenharia, indústria e tecnologia demandam um alto nível de planejamento, controle e execução para atingir os objetivos estratégicos da organização. No entanto, desafios como incertezas técnicas, restrições regulatórias e prazos apertados frequentemente comprometem o desempenho esperado. A contratação de uma consultoria especializada em gestão de projetos permite mitigar riscos e aumentar a eficiência operacional, fornecendo expertise e metodologias comprovadas para garantir o sucesso das iniciativas.
Algumas estatísticas que reforçam essa necessidade: · 42% das empresas não entendem a necessidade ou importância do gerenciamento de projetos. · 55% dos gerentes de projeto citam estouro de orçamento como motivo para o fracasso do projeto. · O engajamento das partes interessadas é um dos processos considerados mais relevantes. · 62% dos projetos concluídos com sucesso tiveram patrocinadores atuantes. Consultores experientes atuam na estruturação do projeto desde sua concepção, estabelecendo governança robusta, metodologias ágeis ou híbridas e ferramentas adequadas para cada fase do ciclo de vida (como o DC-VMO Solution). Por exemplo, em um projeto industrial de modernização de uma linha de produção, uma consultoria especializada pode reduzir em até 30% o tempo de implantação por meio da definição clara de escopo, gestão de stakeholders e integração eficiente de fornecedores e equipes multidisciplinares (PMI, 2023). Essa abordagem diminui retrabalhos e assegura entregas dentro do cronograma. Outro benefício crítico é a mitigação de riscos. Projetos de engenharia, como a construção de uma nova planta fabril ou a implementação de um sistema tecnológico avançado, envolvem diversas incertezas técnicas e regulatórias. A consultoria emprega metodologias como Análise de Modos de Falha e Efeitos (FMEA) e análise quantitativa de riscos para prever e minimizar impactos (Smith & Petersen, 2022). Em um projeto de implantação de um novo ERP em uma grande organização, por exemplo, a consultoria pode evitar custos imprevistos e falhas operacionais ao mapear previamente as integrações, testar cenários críticos e garantir a aderência às necessidades do negócio (Gartner, 2023). Além disso, o trabalho em conjunto com uma consultoria especializada proporciona ganhos de eficiência ao otimizar a alocação de recursos e aprimorar a comunicação entre as partes interessadas. Em projetos tecnológicos, como o desenvolvimento de um novo software para controle de processos industriais, a aplicação de frameworks ágeis combinados com a expertise da consultoria pode acelerar em até 40% o tempo de entrega e melhorar a qualidade dos produtos (Scrum Alliance, 2023). A experiência dos consultores e a troca constante com os profissionais que atuam diretamente nas equipes dos projetos permitem a identificação de gargalos e a implementação de boas práticas que elevam a maturidade organizacional em gestão de projetos. Como apresentamos, a contratação de uma consultoria especializada em gestão de projetos se traduz em ganhos significativos para organizações que enfrentam desafios complexos. Redução de riscos, maior previsibilidade no cumprimento de prazos e melhoria da eficiência operacional são apenas alguns dos benefícios diretos das abordagens aplicadas pela DC, que trazem melhores resultados, fortalecem a capacidade competitiva da organização no mercado e mantém seus profissionais atualizados com as melhores técnicas e práticas de gestão. Referências: · PMI (2023). Project Management Best Practices. · Smith, J. & Petersen, L. (2022). Risk Mitigation in Engineering Projects. Oxford Press. · Gartner (2023). ERP Implementation Strategies for Large Organizations. · Scrum Alliance (2023). Agile Frameworks and Efficiency in Software Development. · Project Management Statistics: Trends and Common Mistakes in 2024 Por: Marco Valadares Encerrando nossa série de três artigos sobre Metodologia FEL (Front-End Loading) e VIP (Value Improving Practices), vamos explorar aspectos relacionados à seleção e à aplicação dessas práticas de melhoria de valor em projetos industriais.
O processo de seleção das VIPs para determinado projeto deve ser executado por meio de uma reunião de seleção de VIPs, ao final de FEL 1, e deve contar com a participação de um grupo multidisciplinar, composto no mínimo por participantes nomeados para o time núcleo da equipe do projeto e por especialistas das áreas relacionadas às VIPs. A seleção de uma determinada VIP envolve discussões sobre a visão da equipe do projeto quanto à sua aplicabilidade, o potencial incremento de valor esperado com a aplicação da VIP e o seu impacto sobre os objetivos do projeto. Os critérios de seleção das VIPs devem estar de acordo com a natureza do projeto, com os objetivos da área de negócios e com os benefícios que a aplicação da VIP possa trazer para o projeto. Várias empresas procuram desenvolver algoritmos que, a partir de dados gerais dos projetos, indicam quais VIPs devem ser aplicadas. Cabe ressaltar que a seleção das VIPs a serem aplicadas em um projeto deve ser resultado de uma análise cuidadosa da equipe do projeto com o apoio de um facilitador experiente na seleção de VIPs. Portanto, os resultados obtidos com as ferramentas de apoio aplicadas no processo de seleção devem ser tomados apenas como indicativo de seleção, e não como resposta única dada pelo processo. Segundo o IPA (Independent Project Analysis), é recomendável que sejam selecionadas entre 40% e 60% das VIPs para aplicação em um projeto industrial, ou seja, algo entre três e seis VIPs. Tendo em vista o caráter multidisciplinar das VIPs, é de se esperar que haja uma diversidade grande entre os processos de aplicação de cada uma delas. Deve se enfatizar que cada uma das organizações que desenvolveram processos próprios de aplicação de VIPs tem seus conceitos e experiências desenvolvidas em função da habitualidade de aplicação desses memos processos, bem como das experiências dos profissionais envolvidos nesse tipo de trabalho. Considerando esses fatores, entende-se por que há tão grande variedade de processos de aplicação, com aproveitamentos e resultados bastante diferentes. Casos Reais e Benefícios Alcançados Decerto que o grande motivador da aplicação das VIPs são os ganhos e benefícios gerados para os projetos. Porém, nem sempre esses benefícios são tão evidentes, pois muitas vezes trabalha-se para evitar problemas que poderiam afetar o projeto, de forma que o projeto deixa de incorrer em custos que nunca serão tão claramente identificados. No entanto, é possível sim, apresentar uma série de alterações em projetos decorrentes da aplicação de vários tipos de VIPs que lhes trouxeram enormes vantagens. Os casos apresentados a seguir foram selecionados de um grupo de mais de 50 aplicações das quais eu mesmo participei. Na apresentação dos casos, omiti os nomes das empresas e a identificação clara de cada projeto em que a VIP foi aplicada. Caso 1 – VIP: Engenharia de Valor Projeto: Produção de ligas metálicas Benefício: Redução do custo de investimento pela simplificação de equipamentos e eliminação de redundâncias reavaliadas como não necessárias em várias etapas do processo. Este é o caso clássico de aplicação da VIP Engenharia de Valor, pois sempre é possível uma discussão sobre a melhor forma de executar as etapas de um processo. Em virtude dessa aplicação, houve uma redução de 8 milhões de reais num orçamento global de 400 milhões de reais. Caso 2 – VIP: Engenharia de Valor Projeto: Interligação ferroviária de unidade de produção com dois portos de escoamento. Benefício: Na análise de funções de cada componente do projeto, foi verificado que foram previstas duas áreas de manutenção de vagões, uma para cada trecho de ferrovia próximo aos portos, e que seria possível atender a essa função com uma única área de manutenção no entroncamento das duas linhas, em local próximo à unidade de produção, com redução significativa de custos, tanto de implantação como de operação e manutenção. Caso 3 – VIP: Engenharia de Valor Projeto: Oficina de manutenção ferroviária Benefício: Na análise de funções para a oficina de manutenção ferroviária, foi identificado que a capacidade de carga da ponte rolante para movimentação de equipamentos estava sendo projetada com o dobro de capacidade para a maior carga possível dentro da oficina. A redução permitiu uma diminuição nos custos dos equipamentos da ponte rolante, assim como da estrutura civil para suportar a sua carga. Caso 4 – VIP: Classe de Qualidade de Planta Esta VIP define e especifica quais são os parâmetros do projeto a serem seguidos e, dentre eles, a origem dos insumos a serem utilizados no processo. Para o caso geral um novo projeto, envolve todas as unidades produtoras de insumos necessários para a produção do produto a que se destina. Projeto: Unidade petroquímica dentro de refinaria existente Benefício: Por se tratar de uma unidade a ser construída dentro de uma refinaria existente, o suprimento de hidrogênio, elemento necessário para o processo, não precisaria ser feito pela nova instalação, pois a refinaria, como um todo, já produzia hidrogênio suficiente para suprir também o novo processo. Dessa forma, todas as instalações previstas para a produção de hidrogênio puderam ser retiradas do novo projeto, resultando numa economia de aproximadamente 200 milhões de dólares. Caso 5 – VIP: Construtibilidade A VIP Construtibilidade pode trabalhar em aspectos gerais de gestão da implantação dos empreendimentos, como também em aspectos técnicos de construção propriamente dita. Essas duas frentes se complementam e devem ser exploradas em benefício do projeto. Os aspectos de gestão são explorados sempre preventivamente e progressivamente de acordo com o andamento do empreendimento, enquanto os aspectos técnicos podem ser discutidos de acordo com o avanço da obra, quando da aplicação da VIP. Cabe ressaltar que a VIP Construtibilidade é a única para a qual se recomenda mais de uma aplicação no projeto, como já foi dito. Projeto: Unidade de beneficiamento de minério Benefício: Havia um pátio de armazenagem de minério de mais de 100m de diâmetro, com uma galeria de concreto com seção quadrada de 12m de lado, enterrada abaixo da cota do pátio de recuperação e transporte do minério para o processo. Para a construção, foi prevista uma escavação diametral no centro do pátio até a cota inferior da galeria, com largura da galeria e áreas de trabalho em ambos os lados para escoramento e passagem de insumos para sua construção, além da necessidade de corte dos taludes desde o nível inferior da galeria. Durante a aplicação da VIP, foi alterada a alternativa construtiva para trincheira, com estacas de contenção, utilização de gruas para transporte de material para a construção e escavação apenas do corpo da galeria. Com essa alternativa, houve grande redução do volume de corte dos taludes, cuja cota mínima subiu 12m, e grande redução na largura na escavação ao longo da galeria, para a sua construção. Apesar de novos custos decorrentes da alteração do método construtivo, a redução dos volumes de escavação e aterro trouxe uma economia de milhares de metros cúbicos de movimentação de terra, tornando mais econômica a alternativa proposta. Caso 6 – VIP: Projeto para Capacidade A VIP Projeto para Capacidade busca evitar a utilização de parâmetros globais de projeto para o empreendimento específico. Quando da definição da capacidade de projeto, busca-se atenuar possíveis impactos de operação e manutenção que possam fazer com que os equipamentos projetados percam a performance esperada. Sendo assim, é prática de engenharia aplicar-se um fator de projeto para repor eventual perda de capacidade ou operação em picos, ou redução de performance dos equipamentos. No entanto, para determinados sistemas, a capacidade de produção é definida por equipamentos críticos, que vão definir a capacidade do processo pela sua capacidade nominal. Dessa forma, não tem sentido aplicarmos qualquer fator de projeto nos casos de termos desenvolvido o projeto em função da capacidade máxima de determinado equipamento crítico. Projeto: Unidade de beneficiamento de cobre Benefício: O sistema de descarregamento de minério de cobre dependia da capacidade de um sistema de pás mecânicas responsáveis pelo descarregamento dos vagões de minério. Essas pás foram dimensionadas no limite máximo da largura dos vagões e, portanto, a capacidade de todo o sistema estava definida. Não havia como aumentar a capacidade de descarga. Portanto, quaisquer fatores de projeto aplicados nos sistemas de correias de transporte e armazenagem não fariam sentido. Apesar de não quantificado, a redução do dimensionamento desses sistemas trouxe expressiva economia para o projeto. Caso 7 – VIP: Modelagem e Confiabilidade de Processos Em projetos de centros de distribuição de qualquer tipo de produto, as operações têm uma complexa interface logística, apesar de serem compostas por operações unitárias geralmente muito simples. No estudo logístico, além das capacidades de carga, frequência e características da armazenagem, destacam-se as interferências e casualidades a que o processo está exposto, como quebra de equipamentos, manutenções preventivas e corretivas, intempéries etc. Portanto, um estudo da combinação da aleatoriedade dessas interferências torna-se muito complexo e deve ser feito por um processo de simulação executado com ferramentas próprias para modelagem. Existem muitas empresas no mercado que trabalham no desenvolvimento de modelos que simulam esses ambientes. O papel da VIP Modelagem e Confiabilidade Processos, nesse caso, é o de aferir e apoiar o desenvolvimento do modelo, propiciando ampla discussão sobre os parâmetros que devem ser modelados. Muitas vezes, os modelos partem de premissas que levariam ao fracasso dos projetos, se forem consideradas sem avaliação mais profunda de seu impacto. Projeto: Centro de distribuição de minério Benefício: A modelagem teve seu foco concentrado no processo logístico interno, desde o recebimento, armazenagem, recuperação e embarque de minério. Porém, na aplicação da VIP, foram estudadas as dificuldades logísticas de suprimento do volume necessário de minério para atender à demanda prevista. Esse estudo demonstrou que a ampliação de capacidade proposta implicaria na necessidade de uma frota de navios de grande porte tão numerosa que praticamente inviabilizaria o projeto. Com esse estudo, a capacidade prevista na ampliação foi revisada, o que poupou enormes investimentos. Conclusão A implantação de VIPs traz uma enorme oportunidade para que as empresas tenham acesso a práticas e a uma metodologia de implantação de projetos consistente e que se consolida cada vez mais como um diferencial competitivo muito importante na implantação de projetos industriais. Podemos encontrar a aplicação de VIPs como parte integrante da metodologia de implantação de projetos em várias empresas no Brasil e no exterior, tais como DuPont, Vale, Petrobras, Braskem, Votorantim, entre outras. Wilson José Ramos, PMP |
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Outubro 2025
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