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Para atender aos objetivos propostos em cada etapa da Metodologia FEL (ver parte 1 deste artigo) é fundamental que haja uma estrutura de implantação de projetos que seja específica e detalhada no ponto certo para seu desenvolvimento (nem mais e nem menos). Desta forma, as empresas, além de desenvolverem fluxogramas de atividades que possam garantir a execução de todas as atividades necessárias ao bom desenvolvimento do projeto, procuram estabelecer qual a documentação necessária para cada fase. A utilização repetida desses processos assim estruturados vai dando às equipes de projeto uma visibilidade de quais pontos chaves foram determinantes no sucesso da implantação do projeto. Desta forma, é possível reavaliar o processo estabelecido e fazer recomendações de ajustes com base nos eventos de sucesso. Algumas dessas alterações devem ser incorporadas no processo, e outras, apesar de muito relevantes em sua execução, podem ser consideradas eletivas e executadas pelos times de projeto a seu critério. Algumas das alterações propostas, devido a seu caráter eletivo, são transformadas em “melhores práticas”, que, portanto, apesar de não obrigatórias, são altamente recomendadas na execução dos projetos. Dentre essas, destacaremos as “VIPs - Value Improvement Practices” ou “Práticas de Melhoria de Valor”. Como prática recomendada no processo de implantação de projetos, dentro da Metodologia FEL, como definido pelo IPA (Independent Project Analysis, Inc.), a aplicação de VIPs tem como objetivo a avaliação do estágio de preparação para implantação de projetos de capital e a adequação de seu plano de implantação. De acordo com o benchmarking do IPA, obtido por meio da avaliação de centenas de projetos em todo o mundo, a adequada aplicação das VIPs pode trazer benefícios que variam em torno de uma economia de até 10% em custos e uma redução de prazo de até 7%. As VIPs funcionam como uma metodologia sistêmica para melhorar uma ou mais métricas de desempenho de projetos de investimento de capital, tais como custo, prazo e confiabilidade do produto. Trata-se de um processo formal e documentado, usado principalmente durante as fases iniciais de implantação de projetos. Na figura abaixo, estão listadas as 12 VIPs que integram a Metodologia FEL e que podem ser utilizadas dependendo do tipo de projeto e do estágio em que este se encontra. Fica claro na figura acima que a aplicação das VIPs deve ser feita desde as etapas iniciais de FEL. A indicação de aplicação depende do estágio de evolução do projeto e do seu contexto. Cabe destacar que a aplicação é pontual e única, e deve ser feita no momento oportuno de desenvolvimento do projeto para que se obtenha o máximo benefício. A única exceção é a VIP “Construtibilidade”, para a qual se recomenda a aplicação em três momentos distintos. Cada uma das VIPs (apesar de alguma sobreposição de foco de aplicação entre elas) tem uma metodologia de aplicação própria e uma finalidade específica. Veja, na tabela abaixo, a indicação do foco básico de cada uma delas. Segundo a metodologia de aplicação de VIPs, sempre em evolução, o IPA preconiza que duas poderiam ser retiradas desse elenco, a saber: CAD 3D e Classes de Qualidade de Planta. A justificativa seria que o CAD 3D já é uma ferramenta mais que usual no desenvolvimento de projetos e que as discussões de Classes de Qualidade de Planta, como parte importante na definição e especificação das diretrizes para o escopo do projeto, têm tanta importância que, muito mais que uma VIP — que tem a característica de ser eletiva pela equipe do projeto —, deveria ser obrigatória no processo inicial de desenvolvimento do projeto.
Segundo nosso entendimento, o processo de aplicação de VIPs tem como característica básica ser uma avaliação e uma validação de processos e parâmetros de projeto a serem realizadas pela equipe responsável pelo projeto, apoiada por equipes que, em algum momento, participarão do desenvolvimento do projeto ou receberão seu produto para operação. A oportunidade de discutir esses parâmetros em momentos oportunos e com a diversidade de participação de outras áreas que se envolverão no projeto é que traz a riqueza de resultados que essas práticas sempre apresentam. Considero que, apesar da alta frequência (quase 100% dos projetos são desenvolvidos em CAD 3D), o fato de aplicar o CAD 3D não desqualifica uma avaliação crítica de como essa ferramenta está sendo aplicada. Durante a aplicação da VIP CAD 3D são levantadas as diversas possibilidades de utilização da base de dados gerada para a aplicação do CAD 3D e a grande sinergia na geração dos documentos do projeto, tanto na fase de elaboração do projeto de engenharia, na simulação de construção pelo uso das maquetes eletrônicas, no acompanhamento e controle durante a fase de obra, mas também como importante instrumento para as atividades de manutenção dos equipamentos após a partida da unidade. Recomendo fortemente a manutenção de aplicação dessa VIP a partir da identificação dos entregáveis do projeto para avaliar os gaps de utilização da ferramenta que, se cobertos, poderão resultar em várias recomendações que, por certo, vão trazer grandes benefícios aos resultados do projeto. Da mesma maneira, a VIP Classes de Qualidade não foi, de fato, excluída do elenco das VIPs aplicáveis. Na verdade, ela se tornou um evento obrigatório para a definição dos parâmetros do projeto e para estabelecer diretrizes gerais a serem seguidas no seu desenvolvimento. Nossa recomendação é que essa definição de parâmetros para o desenvolvimento do projeto seja feita no início de FEL 2 e contemple tanto aspectos de características físicas como de características dos processos principais que compõem o processo industrial. Como veremos na parte 3 deste artigo, no processo de seleção de VIPs a escolha de aplicação depende de uma série de fatores que precisam ser avaliados pela equipe responsável pelo projeto. No entanto, cabe destacar que, seguindo as políticas e procedimentos de cada empresa, poderemos ter a obrigatoriedade de aplicação ou, no mínimo, uma preferência de escolha de acordo com critérios que tenham como base custos, prazos, sustentabilidade, impacto no meio ambiente etc. Continua...
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Outubro 2025
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