Imagine a seguinte situação: você trabalha há algum tempo na sua empresa e, após muitas tentativas e erros, já desenvolveu certa expertise em suas funções. Está familiarizado com os processos, as ferramentas e as pessoas da organização.
Um dia, um consultor contratado pela alta direção chega à sua mesa e informa que está ali para liderar um projeto de revisão dos processos da empresa, com o objetivo de dar mais agilidade ao trabalho. Para isso, ele precisará do seu tempo e das suas informações de trabalho. Logo, você percebe que o produto final do trabalho do consultor pode mudar completamente o modo operante com o qual você já estava tão bem acostumado. Este cenário ilustra bem o ponto que quero destacar: todo projeto é uma mudança! Não existe projeto de “continuísmo”. As organizações já entenderam que, neste mundo globalizado, estar parado pode ser um risco mortal para a sobrevivência do negócio. Elas precisam inovar, se diferenciar, ser mais rápidas e eficazes que a concorrência, sob o risco de serem engolidas pelo mercado. Isso as motiva a investir recursos para mudar e alcançar esses objetivos. Assim, todo projeto tem por princípio promover uma mudança que levará de uma situação “A” para um ponto “B”, teoricamente melhor, mais eficaz ou mais interessante. Tudo estaria perfeito se a lógica humana não fluísse na direção contrária. Instintivamente, não gostamos que mexam naquilo que já conhecemos – salvo em situações incômodas, e mesmo assim, com ressalvas. Nicolau Maquiavel, há cinco séculos, já alertava sobre os desafios de gerenciar um novo sistema devido à antipatia daqueles que querem a preservação do velho sistema (“O Príncipe”, 1532). Nossa natureza busca instintivamente por segurança e estabilidade, que, em muitos casos, só é possível depois de vários erros e insistência, o que não raro deixa cicatrizes. Projetos vêm, então, na contramão desses princípios, pois são associados a incertezas e medos que as mudanças podem trazer. Conhecendo esse cenário, o responsável por um projeto precisa desenvolver habilidades interpessoais – capacidade de comunicação, negociação e envolvimento – se quiser ter sucesso em suas missões. Essas habilidades fazem parte do arsenal de recursos que um bom profissional da área precisa ter para conseguir convencer os envolvidos a se comprometerem com a mudança iminente. Não é fácil! Por isso mesmo, o bom profissional de projetos tem sido cada vez mais valorizado no mercado corporativo. Ele será o responsável por garantir que os investimentos feitos não se percam e engrossem as estatísticas de projetos fracassados. Caberá a ele tentar persuadir os resistentes às mudanças. Mas o instinto humano irá se contrapor. Diante disso, talvez uma das possíveis estratégias seja ajudar os resistentes a absorver o princípio evolucionista apresentado por Charles Darwin, que parece “cair como uma luva” no frenético mundo corporativo do século XXI: “não é o mais forte nem o mais inteligente que sobrevive, mas o que melhor se adapta às mudanças”. Artigo produzido por Ramiro Rodrigues
0 Comentários
O seu comentário será publicado depois de ser aprovado.
Deixe uma resposta. |
Categorias
Tudo
Histórico
Novembro 2024
|