Nada se constrói sozinho, muito menos projetos. Liderar equipes em projetos é muito mais que comandar e gerenciar recursos humanos, é conseguir com que todos se unam em prol de um objetivo comum, a visão do projeto. Equipes em projetos são diferentes pois projetos tem prazo para acabar, e, portanto, as equipes também. Quando estão remotas, ou virtuais, fica ainda mais complicado. Muitas vezes o líder não tem poder hierárquico formal sobre a equipe, mas precisa que todos colaborem, esse é um grande desafio para a liderança! As organizações reconhecem que o trabalho em equipe é muito importante para a realização de projetos bem-sucedidos. Quando falamos de projetos, temos na maioria das vezes, colaboradores com diferentes níveis de conhecimento, habilidades e competências. Temos pessoas que gostam de trabalhar em equipes e aquelas que preferem se concentrar e realizar seu trabalho sozinho. Enfim, temos uma diversidade de papéis e responsabilidades em um projeto e precisamos que a engrenagem funcione bem, esteja bem lubrificada para que o projeto como um todo flua bem. O problema é que nem sempre trabalhar em equipe é um processo natural e sem complexidades! E aí olhamos para o chão, para um formigueiro e ficamos admirados: como as formigas realizam um ótimo trabalho! São atividades complexas e parecem exercê-las de uma forma simples e natural. A entomologista Deborah Gordon (2011), autora do livro Ants at Work: How na Insect Society is Organized e que há 17 anos observa o comportamento desses insetos, relata que “entre as formigas, ninguém manda em ninguém”. Ao observarmos os papéis, podemos identificar as formigas “operárias” especializadas em buscar comida, picotam as folhas com a mandíbula e com suas patas ágeis seguram com força o pedaço e o guardam numa bolsa na barriga. Pegam outra folha e colocam nas costas, para aproveitar a viagem. E correm para a fila de volta para casa. As formigas operárias esfregam a barriga no chão, deixando um rastro com o cheiro da colônia a que pertencem, para que ela mesma e as companheiras não se percam. Deborah explica que dessa forma, os feromônios substituem com eficiência as palavras. Como não falam, sua comunicação é feita através das antenas e do cheiro para perceberem que são da mesma colônia. As formigas operárias que buscam o alimento representam apenas 10% da população de um formigueiro. As outras 90% ficam na colônia o tempo todo, diz a pesquisadora Ana Eugênia de Campos Farinha, do Instituto Biológico de São Paulo. “É que, em casa, todas juntas, elas conseguem se defender.” Para que um formigueiro funcione, vários tipos de formigas precisam trabalhar. Há as faxineiras, que levam cada resíduo de comida ou de larvas para algum porão vazio nas fronteiras do formigueiro, onde as bactérias que o lixo atrai não são ameaça para ninguém. Outras organizam estoques de comida, cuidando para que não falte nada e decidindo o que deve ser consumido antes. Há outras mais especializadas que passam a vida a quebrar sementes ou a cavar túneis. “Sozinhas as formigas não são nada. Sua sociedade é o exemplo perfeito de como várias partes simples podem executar tarefas elaboradas juntas”, afirma Deborah, que gosta de comparar o formigueiro a um cérebro. Em ambos os casos, um componente isolado – formiga ou neurônio – é incapaz de grandes feitos. Mas o conjunto impressiona pela eficiência e pela complexidade. Seria esse um bom exemplo de uma equipe auto gerenciável? Sem dúvida, estão sempre ativas e a automotivação é gerada pelo instinto animal de sobrevivência. Sem dúvida também podemos notar a importância da comunicação entre elas através das antenas e do cheiro, e o senso de pertencimento a um grupo: somos membros dessa colônia e temos interesses em comum, a defesa e crescimento do formigueiro. E nós seres humanos, como nos comportamos em uma equipe? Aí você olha em volta para sua equipe e observa situações e momentos de vida diferentes para cada membro. Alguns são mais abertos a mudanças, outros não querem arriscar tanto. Você para e pensa, por que minha equipe não pode agir simplesmente como as formigas? Porque somos seres humanos! Temos aspirações e sonhos e precisamos de um empurrãozinho para nos motivar. Assim como as formigas precisam umas das outras, o trabalho em equipe é muito importante, pois juntos somamos as diversas competências que farão a diferença. Para liderar bem uma equipe, temos vários passos: O primeiro passo é entender o que significa, de fato, uma equipe. O que conecta seus membros e quais são os motivos das equipes não funcionarem da forma ideal e o que podemos fazer para mudar essa situação. Existe de fato o senso de pertencimento? Uma equipe pode ser definida como pessoas realizando algo juntas. O “algo” não é o que forma a equipe e sim o “juntos”. Este é o segredo para fazer a engrenagem funcionar bem! Outro ponto de reflexão é que dificilmente uma equipe floresce se deixada por conta própria, é importante ter uma liderança que regue e inspire. O comprometimento coletivo, a sinergia e a relação de confiança estabelecem um ambiente propício à alta performance. Como as equipes são formadas por pessoas, falamos sobre as necessidades dos seres humanos, o que tem valor para cada um de nós e como podemos equilibrar as necessidades pessoais com as da equipe. Os seres humanos em geral não são uma espécie de indivíduos solitários. Somos criaturas sociais, gostamos da companhia uns dos outros e precisamos dessa interação. Segundo Robbins e Finley, formar equipes não é uma ideia inovadora, a humanidade sempre teve equipes. Era uma prática da agricultura há 50.000 anos e antes disso utilizamos as equipes na caça. Formar equipes está no nosso DNA. Gostamos de trocar ideias e a forma mais fácil de aprender ainda é através de outras pessoas, aprendemos e fixamos muito mais as experiências. As antigas tribos usavam o artifício de contar as histórias para passar o conhecimento aos membros mais novos e assim manter viva sua cultura. Sentimos a necessidade de pertencermos a alguma tribo e normalmente temos orgulho quando o pertencimento é verdadeiro. Também esperamos por reconhecimento e valorização pessoal. Bernardinho em seu livro Transformando Suor em Ouro, menciona que a motivação se baseia em dois pilares: o primeiro deles é a necessidade e o segundo a paixão. Outro ponto importante é entender os diferentes perfis dos membros da equipe, alguns são mais movidos pela assertividade e outros pela responsividade. Conhecer os diferentes perfis, saber o que extrair de melhor de cada perfil é essencial para o líder de equipe. Nem todas as equipes se encontram no mesmo estágio. Algumas já atingiram a maturidade, são praticamente auto gerenciáveis e o papel do líder é de facilitador. Em outras equipes podemos ter que gerenciar conflitos e criar um ambiente de confiança. E para desafiar ainda mais, como liderar equipes virtuais? Como tratar as barreiras que surgem pela falta de contato presencial, pelas diferentes culturas e estilos de atitudes. Talvez a melhor palavra que define uma equipe é COOPERAR: “atuar, juntamente com os outros, para um mesmo fim; contribuir com trabalho, esforço, auxílio, colaborar”. Ficou curioso? Vamos falar mais sobre esse tema nas próximas publicações, não perca! Autora: Valeria Gutierrez
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